Por que esse inseto é atraído pelo banheiro?

“Desmistificando a ‘Mosquinha-de-Banheiro’: Entenda por que ela se torna nossa companheira fiel no banho.”

“Quem aí, durante o banho, já se pegou observando aquela pequena mosquinha que parece ser apaixonada pelo banheiro? Não é apenas uma ilusão, ela realmente se sente à vontade nesse ambiente. Mas você já se perguntou qual é a verdadeira função dessa mosquinha de banheiro e por que ela parece tão interessada em nos observar durante o banho? Com sua coloração preta, cinza ou marrom, corpo coberto por cerdas que se assemelham a pelos, medindo apenas três milímetros de comprimento e pesando poucos miligramas, essa famosa ‘mosquinha de banheiro’ conquistou até um lugar especial na internet, mas, ao contrário do que o nome sugere, ela não é exatamente uma mosca.”

“Apesar do nome comum evocar a imagem de moscas, essas pequenas criaturas não se enquadram no grupo dos Muscomorpha, mas, em vez disso, pertencem ao grupo Psychodomorpha. Em termos mais informais, podemos até chamá-las de mosquitos”, esclarece o biólogo especializado em insetos, Marco Gottschalk.Da família Psychodidae, as mosquinhas representam não apenas uma, mas centenas de espécies: existem pelo menos 2.500 conhecidas em todo o mundo, sendo que muitas delas vivem nas florestas e não nas áreas urbanas. No Brasil, mais de 500 espécies foram registradas, com mais de 100 delas consideradas endêmicas.

“Entre as espécies mais comuns encontradas dentro das residências, muitas são cosmopolitas, o que significa que têm uma longa história de convivência com os seres humanos. Devido a essa convivência, esses insetos se espalharam por várias regiões do mundo. No entanto, dado o amplo espectro de diversidade dentro da família, encontramos espécies adaptadas a ambientes urbanos e rurais, bem como aquelas que são exclusivas de áreas de vegetação nativa”, explica o especialista. Mas por que esses pequenos mosquitinhos têm uma predileção tão forte pelos banheiros? A resposta pode não ser muito agradável. Eles são atraídos pelos odores característicos desses espaços e ali buscam locais para se alimentar e depositar seus ovos. “Em termos gerais, esses insetos são mais comuns em ambientes úmidos. No caso das mosquinhas de banheiro, as larvas são aquáticas e, geralmente, encontram moradia nos ralos, onde se acumulam materiais orgânicos”, acrescenta o especialista.

De acordo com Marco, essas mosquinhas tornam-se comuns e numerosas, uma vez que uma única fêmea fecundada pode depositar dezenas a centenas de ovos. “Esses ovos eclodem após algum tempo, dando origem às larvas, que passam por metamorfose e atingem a fase adulta. Esse ciclo completo leva aproximadamente duas semanas, podendo variar de acordo com a temperatura ambiente. Além disso, os banheiros são frequentemente uma das áreas mais úmidas das casas, o que as torna locais propícios para a sobrevivência dos adultos. Em resumo, as mosquinhas do banheiro estão lá em busca de alimento, tanto para elas próprias quanto para as larvas.”Essas mosquinhas são geralmente atraídas pelo odor exalado nos banheiros, como o cheiro de urina, que indica a presença de matéria orgânica e umidade, condições essenciais para o desenvolvimento das larvas. O especialista esclarece que as mosquinhas de banheiro não representam um grande risco para as pessoas, mas podem transportar micro-organismos em seus corpos para áreas que desejamos manter limpas, o que pode resultar em contaminação desses espaços. “Felizmente, uma limpeza semanal no banheiro é suficiente para eliminar as larvas e evitar o aumento das populações”, aconselha. “As mosquinhas de banheiro têm uma relação próxima com um grupo de insetos transmissores de doenças, os mosquitos-palha (flebotomíneos), que são hematófagos e podem transmitir leishmaniose e várias viroses, entre outras doenças. Nesse contexto, o gênero Lutzomyia pode ser o mais conhecido da família no Brasil. A biologia dos adultos é bem estudada apenas para os gêneros com espécies hematófagas, e ainda sabemos muito pouco sobre a ecologia das demais espécies nativas do Brasil e sua importância em certos processos biológicos”, explica Marco. Esses insetos têm a capacidade de voar dezenas ou até centenas de metros em um dia e também podem se dispersar por meio de “movimento passivo”, onde larvas e adultos são transportados pelos seres humanos em animais e/ou mercadorias. “É assim que muitas espécies se tornam cosmopolitas”, acrescenta o especialista.

 

 

 

 

 

 

 

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